Se você trabalha com inteligência artificial ou está interessado em treinar modelos de machine learning, provavelmente já ouviu falar sobre LoRA (Low-Rank Adaptation).
Esta técnica de treinamento está transformando a forma como adaptamos grandes modelos de linguagem para tarefas específicas, oferecendo uma alternativa eficiente e econômica ao fine-tuning tradicional.
Fine-tuning é o processo de ajustar um modelo de linguagem pré-treinado em uma grande quantidade de dados em uma tarefa ou domínio específico, como domínio médico, jurídico ou em um idioma (como português). Em vez de treinar um modelo do zero, o que é caro e demorado, o fine-tuning reaproveita o conhecimento já aprendido e adapta o comportamento do modelo aos dados e objetivos desejados, refinando seus parâmetros com um conjunto menor de dados mais específicos.
O que é o LoRA?
LoRA, ou Low-Rank Adaptation, é uma técnica de fine-tuning que permite adaptar grandes modelos de linguagem (LLMs) para tarefas específicas sem a necessidade de retreinar o modelo inteiro. Desenvolvida por pesquisadores da Microsoft, esta abordagem utiliza decomposição de matrizes de baixo rank para reduzir drasticamente o número de parâmetros treináveis.
Em termos simples, imagine que temos um modelo com bilhões de parâmetros, mas só precisamos ajustar uma pequena parte dele para nossa tarefa específica. O LoRA permite fazer exatamente isso, mantendo o modelo original intacto e adicionando apenas pequenos "adaptadores" que capturam as mudanças necessárias.
💡 Quer testar no Colab? Na área de Notebooks tem dois exemplos de como ajustar o modelo LLaMA 3.2 com LoRA em um dataset customizado: um notebook usando a biblioteca PEFT da Hugging Face, e outro usando a biblioteca Unsloth.
Como Funciona o LoRA?
A magia do LoRA está na sua abordagem matemática. Quando um modelo neural processa informações, ele multiplica dados de entrada por matrizes de pesos. O LoRA funciona da seguinte forma:
Congelamento do modelo original: Os pesos do modelo pré-treinado permanecem fixos, sem alterações.
Decomposição de baixo rank: Para cada camada que desejamos adaptar, o LoRA adiciona duas pequenas matrizes (A e B) que, quando multiplicadas, aproximam as mudanças necessárias nos pesos originais.
Treinamento eficiente: Apenas essas pequenas matrizes são treinadas, reduzindo drasticamente o número de parâmetros treináveis.
A imagem acima compara as duas abordagens de adaptação de modelos: o ajuste fino tradicional e a técnica LoRA. No fine-tuning tradicional (à esquerda), os pesos da camada linear do modelo, representados por W₀, são atualizados diretamente com base nos novos dados, o que exige reescrever e armazenar toda a matriz de pesos.
Já no LoRA (à direita), a matriz de pesos W₀ permanece congelada, e o modelo aprende duas pequenas matrizes, A e B, que introduzem uma correção leve à saída da camada. Essa correção é somada ao resultado original, permitindo adaptar o modelo com muito menos parâmetros. Isso torna o processo mais leve, eficiente e fácil de compartilhar.
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Principais Vantagens do LoRA
Eficiência de recursos: O LoRA pode reduzir o número de parâmetros treináveis em mais de 90%, tornando o fine-tuning acessível mesmo sem termos acesso a hardware de alta performance.
Velocidade de treinamento: Com menos parâmetros para atualizar, o tempo de treinamento é significativamente reduzido. Além disso, LoRA pode ser fundido com os pesos originais do modelo base no momento da inferência.
Flexibilidade: Um único modelo base pode ser usado para múltiplas tarefas trocando-se apenas os pequenos módulos LoRA. Ou seja, podemos treinar múltiplos adaptadores LoRA para diferentes tarefas, sem alterar o modelo base.
Desempenho competitivo: Segundo os autores, em benchmarks como GLUE, SAMSum e WikiSQL, modelos com LoRA atingem o desempenho de modelos totalmente fine-tunados.
Por que você deveria usar LoRA?
Imagine precisar treinar modelos personalizados para múltiplas tarefas. Com fine-tuning tradicional, teríamos que armazenar e servir cópias inteiras do modelo, o que é inviável com modelos grandes e robustos.
Com LoRA, armazenamos apenas pequenas matrizes específicas por tarefa (por exemplo, 0.01% do tamanho do modelo original), tornando viável treinar e implantar diversos modelos personalizados com baixo custo.
Além disso, como a maior parte dos parâmetros está congelada, a computação de gradientes e os estados do otimizador são significativamente menores.
Implementação Prática
A implementação do LoRA tornou-se mais acessível com bibliotecas como o PEFT (Parameter-Efficient Fine-Tuning), da Hugging Face, e o Unsloth, que facilitam o uso de técnicas de ajuste eficiente de parâmetros em modelos grandes. O processo típico envolve:
Escolha do Modelo Base: Selecionar um modelo pré-treinado adequado
Configuração do LoRA: Definir quais camadas adaptar e o rank das matrizes
Preparação dos Dados: Organizar dados de treinamento específicos da tarefa
Treinamento: Executar o fine-tuning apenas dos adaptadores LoRA
Validação: Testar o desempenho no domínio ou tarefa específico.
💡 Quer testar no Colab? Na área de Notebooks tem dois exemplos de como ajustar o modelo LLaMA 3.2 com LoRA em um dataset customizado: um notebook usando a biblioteca PEFT da Hugging Face, e outro usando a biblioteca Unsloth.
Conclusão
LoRA representa uma mudança de paradigma na adaptação de modelos de linguagem. Ao explorar a estrutura de baixo rank das atualizações, essa técnica oferece eficiência sem abrir mão da qualidade, tornando-se uma escolha ideal para quem trabalha com LLMs em ambientes de produção, pesquisa ou em projetos com recursos limitados.
Para desenvolvedores, pesquisadores e empresas que buscam personalizar modelos de IA sem os custos proibitivos do fine-tuning tradicional, LoRA oferece um caminho eficiente e prático. À medida que a tecnologia continua evoluindo, podemos esperar que se torne ainda mais integrada ao desenvolvimento de soluções de IA personalizadas.
A técnica continua evoluindo, com variações como AdaLoRA (Adaptive LoRA) e QLoRA (Quantized LoRA) que prometen ainda mais eficiência. A tendência é que o LoRA se torne o padrão para adaptação de modelos em cenários onde recursos são limitados.
Paper: LoRA: Low-Rank Adaptation of Large Language Models
Github: https://github.com/microsoft/LoRA
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