Semana passada, vimos como as redes neurais artificiais funcionam e como elas são inspiradas no funcionamento do cérebro humano.
Exploramos a estrutura básica de um neurônio artificial, discutimos os principais tipos de camadas e entendemos como ocorre o aprendizado por meio do ajuste dos pesos.
Nesta semana, vamos abordar as redes neurais profundas, também chamadas de aprendizado profundo, ou, em inglês, deep learning.
As redes neurais profundas são compostas por múltiplas camadas de neurônios artificiais, permitindo que os modelos aprendam representações complexas a partir dos dados. Esse tipo de abordagem é amplamente utilizado em tarefas como reconhecimento de imagens, processamento de linguagem natural (PLN) e tomada de decisão autônoma.
Neste artigo, vamos explorar o que é deep learning, como funciona, e algumas das suas aplicações.
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O Que é Deep Learning?
Deep learning é um subcampo do aprendizado de máquina que envolve o uso de redes neurais profundas para analisar grandes volumes de dados. As redes neurais são inspiradas na forma como o cérebro humano processa informações, permitindo que os algoritmos aprendam e se adaptem a partir de grandes conjuntos de dados sem intervenção humana direta.
Um dos principais diferenciais do deep learning é sua capacidade de aprender com grandes volumes de dados, identificando padrões e características de forma automática. Na maioria dos casos, isso elimina a necessidade de intervenção humana para a engenharia de recursos, tornando o processo mais eficiente e adaptável.
A imagem acima mostra a hierarquia entre Inteligência Artificial, Aprendizado de Máquina, Redes Neurais e Aprendizado Profundo.
Como podemos ver, IA é o conceito mais amplo, englobando qualquer sistema que imite a inteligência humana. Dentro dela, o aprendizado de máquina (machine learning) permite que computadores aprendam padrões a partir de dados, sem regras explícitas. As redes neurais representam um dos diversos algoritmos de aprendizado de máquina, com modelos inspirados no cérebro humano, compostos por neurônios artificiais conectados, capazes de identificar padrões complexos. Por fim, o aprendizado profundo é uma especialização das redes neurais, caracterizado pelo uso de múltiplas camadas de neurônios artificiais, permitindo a extração automática de características e a aprendizagem de representações complexas a partir de grandes volumes de dados.
Como Funciona o Deep Learning?
O deep learning utiliza redes neurais artificiais compostas por múltiplas camadas (daí o termo "profundo"). Cada camada da rede processa diferentes aspectos dos dados, permitindo que o sistema identifique padrões complexos. A partir do treinamento com grandes volumes de dados, a rede aprende a realizar tarefas complexas como reconhecimento de imagem.
O deep learning utiliza redes neurais profundas, compostas por múltiplas camadas de neurônios artificiais interconectados, para processar e interpretar dados de forma hierárquica.
Arquitura
Assim como vimos no artigo sobre Redes Neurais, as redes neurais profundas são formadas por três tipos principais de camadas:
Camada de entrada: recebe os dados brutos, como pixels de uma imagem ou palavras em um texto.
Camadas ocultas: processam as informações extraindo padrões em diferentes níveis de abstração. Cada neurônio dessas camadas aplica uma transformação matemática (como uma combinação linear seguida de uma função de ativação) e repassa os resultados à próxima camada.
Camada de saída: gera a previsão final, como a classificação de uma imagem ou a resposta de um chatbot.
Treinamento
O modelo aprende ajustando os pesos das conexões entre os neurônios por meio de um processo chamado backpropagation, que utiliza o gradiente descendente para minimizar o erro da previsão.
Forward pass: os dados percorrem a rede camada por camada, passando pelas funções de ativação (ReLU, Sigmoid, Softmax, etc.).
Cálculo do erro: a saída do modelo é comparada com o valor real utilizando uma função de perda (como cross-entropy para classificação ou MSE para regressão).
Backward pass (backpropagation): os erros são propagados para trás na rede, ajustando os pesos com base no gradiente descendente e algoritmos como Adam ou RMSprop.
Importância da Profundidade
A profundidade das redes permite a modelagem de representações abstratas, tornando o deep learning eficaz para tarefas como reconhecimento facial, tradução automática e geração de imagens. Redes mais profundas podem aprender padrões mais sofisticados, mas exigem mais dados e poder computacional para evitar problemas como overfitting e exploding/vanishing gradients.
Essa abordagem tem impulsionado avanços em IA, tornando o deep learning um dos pilares da inteligência artificial moderna.
Diferença entre deep learning e redes neurais
Todas as redes neurais profundas são redes neurais, mas nem todas as redes neurais são deep learning. O deep learning se refere especificamente ao uso de redes neurais com muitas camadas para resolver problemas mais complexos e com grande volume de dados.
Redes Neurais:
Definição: São modelos de aprendizado de máquina inspirados no funcionamento do cérebro humano, compostos por camadas de neurônios artificiais interconectados.
Estrutura: Geralmente, as redes neurais podem ser rasas (com poucas camadas) e mais simples, como as redes perceptron de uma camada oculta, e são aplicáveis em tarefas relativamente simples.
Exemplo: Uma rede neural simples pode ser usada para prever uma variável a partir de um conjunto de dados.
Deep Learning:
Definição: É um subcampo dentro de redes neurais que se concentra no treinamento de redes neurais com múltiplas camadas ocultas, chamadas de redes neurais profundas.
Estrutura: As redes neurais profundas possuem várias camadas (como dezenas e centenas), permitindo que o modelo aprenda representações hierárquicas e complexas dos dados, capturando padrões mais sutis e abstrações em dados grandes e complexos.
Exemplo: Redes convolucionais (CNNs) para visão computacional, ou redes recorrentes (RNNs) para processamento de linguagem natural.
Principais Tipos de Deep Learning
Os principais tipos de deep learning são definidos pela arquitetura das redes neurais e o tipo de problema que elas são projetadas para resolver. Aqui estão os principais:
Redes Neurais Convolucionais (CNNs): Usadas principalmente em tarefas de visão computacional, como o reconhecimento de imagens.
Redes Neurais Recorrentes (RNNs): Ideais para processamento de dados sequenciais, como séries temporais ou texto.
Long Short-Term Memory (LSTM): Uma variante das RNNs, projetada para resolver problemas de explosão e desaparecimento de gradientes, permitindo que a rede "lembre" informações por períodos mais longos, sendo altamente eficaz em tarefas de tradução automática, geração de texto e análise de séries temporais.
Redes Generativas Adversariais (GANs): Usadas para gerar novos dados, como imagens, músicas ou até textos.
Autoencoders: Redes utilizadas para compressão de dados e redução de dimensionalidade. Elas são compostas por duas partes: o codificador, que mapeia os dados de entrada para um espaço latente, e o decodificador, que reconstrói os dados a partir desse espaço.
Transformadores (Transformers): Arquiteturas focadas principalmente em processamento de linguagem natural (PLN), como tradução automática, sumarização e resposta a perguntas. A principal inovação dos transformadores é o mecanismo de atenção, que permite que o modelo foque em partes específicas da entrada, mesmo em dados longos.
Aplicações de Deep Learning
Deep learning tem sido amplamente aplicado em diversos setores devido à sua capacidade de lidar com grandes volumes de dados e aprender representações complexas. Algumas das principais aplicações de deep learning:
Visão Computacional: Reconhecimento facial, diagnóstico médico por imagem e detecção de objetos em vídeos.
Processamento de Linguagem Natural: Tradutores automáticos, chatbots e assistentes virtuais, como o GPT-4.
Veículos Autônomos: Carros autônomos e drones que utilizam deep learning para navegar no mundo real.
Saúde: Diagnóstico e predição de doenças, análises genéticas e otimização de tratamentos personalizados.
Conclusão
O deep learning transformou diversas áreas do conhecimento e da tecnologia, oferecendo soluções inovadoras e poderosas para problemas complexos. A capacidade de lidar com grandes volumes de dados, aprender representações de alto nível e realizar tarefas com precisão e autonomia tem permitido avanços notáveis em campos como visão computacional, processamento de linguagem natural, saúde, automação industrial e indústria financeira.
No entanto, apesar de suas vastas aplicações e do seu impressionante desempenho em vários cenários, o deep learning ainda enfrenta alguns desafios. A necessidade de grandes volumes de dados rotulados para treinamento, o alto custo computacional e a dificuldade em interpretar os modelos são questões que precisam ser endereçadas para permitir a adoção generalizada e eficaz em novos contextos. Além disso, a dependência de grandes quantidades de dados pode introduzir viéses, levando a resultados inesperados ou não éticos em algumas aplicações.
Apesar desses desafios, o deep learning está no cerne da revolução tecnológica atual, com seu impacto ainda se expandindo para novas áreas. À medida que os desafios são superados, a tecnologia tem o potencial de transformar ainda mais setores, proporcionando soluções mais rápidas, precisas e personalizadas. A evolução contínua das arquiteturas de redes neurais e a expansão de suas aplicações indicarão um futuro promissor, oferecendo novas oportunidades para pesquisadores, empresas e sociedade.
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